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CS



30 de julho de 2010

Os 7 Pecados Mortais

Depois de um longo dia de trabalho um casal ao chegar a casa encontrou algumas pessoas acomodadas na sua sala. Acharam ser ladrões e ficaram assustados, mas um homem forte e saudável de corpo atlético disse:

- Tenham calma , nós somos velhos conhecidos e estamos em toda parte do mundo.
- Mas afinal quem são vocês? - perguntou a mulher.
- Eu sou a Preguiça! - responde o homem másculo.
- Estamos aqui para que vocês escolham um de nós para sair definitivamente da vossa vida. - continuou.
- Como pode você ser a preguiça se deve passar a vida a fazer exercício para ter esse corpo de atleta? - indagou a mulher.
- A preguiça é forte como um Touro e pesa toneladas nos ombros dos preguiçosos, com ela ninguém pode chegar a ser um vencedor. - Explicou.

Uma mulher velha e curvada, com a pele muito enrugada que mais parecia uma bruxa diz:

- Eu, meus filhos, sou a Luxúria.
- Não é possível! - diz o homem.
- Você não consegue atrair ninguém com essa feiúra toda. - continuou.
- Não há feiúra para a Luxúria queridos. Sou velha porque existo à muito tempo na humanidade, sou capaz de destruir famílias inteiras, perverter crianças e trazer doenças para todos até a morte. Sou astuta e posso disfarçar-me da mais bela mulher.

Um homem mal cheiroso, vestindo uns trapos, parecendo um mendigo diz:

- Eu sou a Avareza, por mim muitos mataram, por mim muitos abandonaram famílias e pátria, sou tão antigo quanto a Luxúria, mas eu não dependo dela para existir. Tenho esta aparência de mendigo porque por mais bem vestido que me apresente, por mais rico que seja, vou sempre querer o que não me pertence.

- E eu, sou a Gula. - diz uma lindíssima mulher com um corpo escultural e cinturinha de “vespa”. As suas curvas eram perfeitas e tudo no corpo dela tinha harmonia de forma e movimentos.

Os donos da casa assustam-se, e a mulher diz:

- Sempre imaginei que a Gula seria gorda.

- Isso é o que vocês pensam! - responde ela.
- Sou bela e atraente porque se assim não fosse seria muito fácil resistirem-me e livrarem-se de mim. A minha natureza é delicada, normalmente sou discreta, quem me tem não se apercebe e mostro-me sempre disposta a ajudar a busca da Luxúria. - Explicou.

Sentado numa cadeira a um canto da sala, um senhor, também velho, mas com o semblante bastante sereno, com voz doce e movimentos suaves, diz:

- Eu sou a Ira. Alguns conhecem-me como cólera. Tenho muitos milénios de existência. Não sou homem, nem mulher assim como todos os meus companheiros aqui presentes.
- Ira? Parece mais o Avô que todos gostaríamos de ter! - diz a dona da casa.
- E a grande maioria me tem! - responde o Avô.
- Matam com crueldade, provocam guerras horríveis e destroem cidades quando me aproximo. Sou capaz de eliminar qualquer sentimento diferente de mim, posso estar em qualquer lugar e penetrar nas casas mais protegidas. Mostro-me sereno para mostrar que a Ira pode estar aparentemente calma. Posso também ficar contido no íntimo das pessoas, sem me manifestar, provocando úlceras, cancro e as mais temíveis e terríveis doenças.

- Eu sou a Inveja. Faço parte da história do homem desde sua aparição. - diz uma jovem que usava uma coroa de ouro cravada de diamantes, possuía pulseiras de brilhantes e tinha roupas de fino pano, assemelhando-se a uma princesa rica e poderosa.
- Como inveja? Se é rica e bonita e parece ter tudo o que deseja. –- diz a mulher dona da casa.
- Há os que são ricos, os que são poderosos, os que são famosos e os que não são nada disso, mas eu estou entre todos, a Inveja surge pelo que não se tem e o que não se tem é a felicidade. Felicidade depende de amor, e isso é o que mais falta faz à humanidade. Mortes e sofrimento, onde eu estou esta também a tristeza.

Enquanto os intrusos se explicavam, um menino que aparentava ter cerca de cinco ou seis anos brincava pela casa. Sorridente e com uma aparência extremamente inocente, característica das crianças, com uma carinha de traços delicados que mostravam bem a sua juventude.

- E tu meu querido, o que fazes junto destes que parecem ser a personificação do mal? - Perguntou a dona da casa.

O menino responde com um sorriso largo e um olhar profundo:

- Eu sou o Orgulho.
- Orgulho? Mas tu és apenas uma criança? Tão inocente como todas as outras.

A expressão do menino alterou-se e tomou um ar de seriedade que assustou o casal, e então ele disse:

- O Orgulho é como uma criança , mostra-se inocente e inofensivo, mas não se enganem, sou tão destrutível como todos os outros que aqui estam, quer brincar comigo?

A Preguiça interrompe a conversa e diz:

- Vocês têm de escolher qual de nós sairá definitivamente da vossa vida. Queremos uma resposta.

O homem da casa responde:

- Por favor, precisamos de dez minutos para pensar.

O casal procura refugio no quarto. Lá fazem várias considerações e dez minutos depois voltam.

- E então? - pergunta a Gula.
- Queremos que o Orgulho saia da nossa vida. - Dizem.

O menino olha-os com um olhar fulminante, pois queria continuar ali. Contudo, respeitando a decisão do casal dirige-se para a porta da casa. Os outros, em silêncio, acompanham-o quando o dono da casa pergunta:

- Então! Vocês também se vão embora?

O Menino, agora com ar severo e com uma voz forte e experiente, diz:

- Escolheram que o Orgulho saísse da vossa vida e fizeram a melhor escolha.
- Pois onde não há Orgulho não há preguiça, pois os preguiçosos são aqueles que se orgulham de nada fazer para viver não percebendo que na verdade vegetam.
- Onde não há Orgulho não há Luxúria, pois os luxuriosos têm orgulho de seus corpos e julgam-se merecedores.
-Onde não há Orgulho, não há Avareza, pois os avarentos têm orgulho das migalhas que possuem, juntando tesouros na terra e invejando a felicidade alheia, não percebendo que na verdade são instrumentos do dinheiro.
- Onde não há Orgulho, não há Gula, pois os gulosos se orgulham de sua condição e jamais admitem que o são, arranjam desculpas para justificar a gula, não percebendo que na verdade são marionetas dos desejos.
- Onde não há Orgulho, não há Ira, pois os irados tem facilidade com aqueles que, segundo o próprio julgamento, não são perfeitos, não percebendo que na verdade sua ira é resultado de suas próprias imperfeições.
- Onde não há Orgulho, não há Inveja, pois os invejosos sentem o orgulho ferido ao verem o sucesso alheio seja ele qual for, precisam constantemente superar os demais nas conquistas, não percebendo que na verdade são ferramentas da insegurança.

Saíram todos sem olhar para trás, e ao fecharem a porta, um fulminante raio de luz invadiu a casa e o casal desapareceu.

“Conta a lenda que se transformaram em Anjos!”

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